Chuvas em Guaratinguetá: escolas de samba atuam em prol dos atingidos

Agremiações carnavalescas guaratinguetaenses e grupos e agentes de cultura vale paraibanos apresentaram iniciativas solidárias em resposta às inundações que aconteceram no bairro do Jardim Tamandaré e Pedreira, em Guaratinguetá.

Contabilizando, cerca de 240 famílias foram atingidas pelas chuvas, com algumas chegando a ter perdas dos próprios imóveis.

O que contribuiu para o impacto foi o volume pluviométrico de 146 milímetros chovidos durante 3 horas seguidas no dia 22 de fevereiro. Isso equivale a 75% do total de chuvas esperado para o mês de fevereiro inteiro, de acordo com a Defesa Civil, do município de Guaratinguetá.

As perdas ocasionadas pelas inundações motivaram agremiações carnavalescas e demais coletivos e indivíduos ligados a área cultural a se movimentarem em prol das vítimas, sobretudo porque duas das escolas de samba guaratinguetaenses, a Unidos do Tamandaré e a Embaixada do Morro, estão sediadas justamente nos bairros atingidos.

Na Tamandaré, em ruas intermediárias, entre a parte baixa e a alta do bairro, como a Joaquim Ferreira Pedro, por exemplo, a água chegou a entrar nas casas que estão do lado oposto da margem do Ribeirão dos Mottas.

Às 7 da manhã do dia 23, imediatamente após as chuvas – enchente na rua Joaquim Ferreira Pedro – IMAGEM: Isamara Adão

De acordo com o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva, em entrevista na TV Band Vale, no dia 27, as enchentes ocorreram em decorrência de aumento de vasão das comportas da barragem dos Mottas, localizada no município de Aparecida.

Em decorrência dos impactos nas comunidades, houve comoção de moradores dos moradores do Jardim Tamandaré e da Pedreira, que foi também amplamente atingido.

Assim, membros das comunidades e das agremiações disponibilizaram seus esforços para atuar em prol dos atingidos.

A atuação, porém, não ficou restrita às duas escolas de samba. Foi possível apurar a atuação do Acadêmicos do Campo do Galvão e da Beira-Rio da Nova Guará em prol dos atingidos.

O destaque foi da agilidade por parte das pessoas que se voluntariam em organizar equipes ativas em prol das comunidades atingidas. Na manhã seguinte (23) às inundações, sedes e barracões foram abertos para a coleta e distribuição de produtos, alimentos e móveis.

Confira a atuação das escolas de samba de Guaratinguetá:

Beira-Rio da Nova Guará disponibiliza pontos pela cidade para coleta de produtos, mantimentos e móveis

Beira Rio da Nova Guará disponibilizou quatro pontos de coleta em Guaratinguetá – IMAGEM: Fábio Seletti

A Beira Rio da Nova Guará, de acordo com a diretoria da escola, não disponibilizou sua sede para arrecadação porque foi impactada pelas chuvas de quarta-feira (22). No entanto, a agremiação conectou quatro pontos de coleta em locais diferentes em Guaratinguetá.

Uma das responsáveis pela coleta, Melissa Monteiro, é chefe da ala das baianas da Beira Rio. Disponibilizou sua residência como ponto para concentração e distribuição de produtos, alimentos e móveis. “A coleta (dos materiais) se deu no início do ocorrido no bairro da Tamandaré e Engenho D’água”, explica.

Quando se deparou com as enchentes, foi uma das pessoas que tomou a iniciativa em organizar os pontos de coleta dentro da Beira Rio.

 O que me motivou foi primeiramente o amor ao próximo. E eu já passei por fases assim na minha vida na minha infância. Morei no bairro da Pedreira e já peguei muita enchente. Já precisei de muita ajuda. Hoje em dia fico encarregada de ajudar as pessoas que precisam. Justamente porque passei por essas situações na minha vida: fome, enchente… Tive uma infância bem complicada.

Melissa Monteiro

A importância é de se estar junto, de se mostrar que tem alguém que se preocupa, mesmo sem ser da família, sem ser conhecido. Alguém de fora que passou pela mesma situação e está ali [ajudando].

Melissa Monteiro

O incentivo partiu na quarta-feira à noite para a coleta das doações: roupas, calçados, brinquedos, móveis, cobertores e toalhas de banho.

Melissa Monteiro, chefe da ala das baianas na Beira Rio, colaborou na articulação para arrecadação de alimentos, móveis e produtos para os atingidos. IMAGEM: Fábio Seletti

Além da Beira Rio, a comunidade do Campo do Galvão, que não foram diretamente impactadas pelas chuvas, se movimentaram em prol das vítimas das enchentes.

Comunidade do Campo do Galvão organiza e distribui marmitas. Acadêmicos cede quadra para preparo dos alimentos e colabora com a organização e atuação em evento beneficente

Alimentos arrecadados pela comunidade do Campo do Galvão. IMAGEM: Lucas Siqueira (Lucão)

No primeiro dia de coleta, 22, houve a arrecadação de produtos de higiene, de produtos de limpeza, roupas, sapatos, vassouras, rodos – algo mais voltado para ação de urgência de limpeza, relata Lucas Siqueira (Lucão), diretor de bateria da Acadêmicos do Campo do Galvão.

Lucão foi um dos voluntários na coleta de produtos e na preparação das marmitas para distribuir para os moradores do Jardim Tamandaré, bairro inclusive onde reside – embora atue no Acadêmicos do Campo do Galvão, é morador do Jardim Tamandaré.

As ações não se restringiram ao primeiro dia. No segundo, 23, as ações se voltaram para preparação e distribuição de marmitas, totalizando 50, ao pessoal que atingido pela inundação.

Lucão relata que os locais atendidos pelo envio das marmitas foram: Prainha, Boa Vista, Rua Heitor Villa Lobos, Vila Sapo. Além dessas contribuições, foram coletadas e distribuídas entre os atingidos: 50 sacos de ração para cachorro, 50 kits de higiene, roupas, acessórios. Tudo arrecadado no segundo dia (23).

Produtos de limpeza arrecadados pela comunidade do Campo do Galvão. IMAGEM: Lucas Siqueira (Lucão)

No caminho dessa atuação, a escola de samba contribuiu com o Pagode Solidário.

Iniciativa do Pagode Solidário arrecada alimentos, produtos e fundos para os atingidos pelas chuvas em Guaratinguetá de quarta-feira (22)

A iniciativa do Pagode Solidário conectou vários segmentos culturais que colaboraram na arrecadação de alimentos, produtos e fundos para os atingidos pelas chuvas. IMAGEM: Fábio Seletti

“O Pagode Solidário é um evento em que o Acadêmicos, sobretudo em seu segmento de bateria, apoiou com a cessão da quadra para o evento e com mão de obra, além da doação do que foi obtido no bar e arrecadações feitas na portaria do evento”, explica Lucão.

A atuação da Roda de Banjo

A Roda de Banjo é um conjunto que colabora na preservação das raízes do samba – IMAGEM: Fábio Seletti

A Roda de Banjo (@rodadebanjo), com todos os seus músicos, renunciou a seu cachê. As doações foram revertidas para o Jardim Tamandaré e para outras áreas atingidas, relata Lucão, que é membro do grupo.

A Roda de Banjo, no mínimo, é formada por doze componentes. Não amplificamos. Usamos os banjos e as percussões sem amplificação. Montamos a roda no centro do espaço e soltamos a voz, cantando dos melhores sambas e pagodes da atualidade. É um modelo clássico do samba e pagode e nós da Roda de Banjo estamos no Vale do Paraíba representando.

Guilherme Batera (@guinho_drums), o Guinho, um dos membros mais antigos da Roda de Banjo.

Além de Guinho, Paulo Ramos (@paulo.ramos.circuito.do.samba), líder da Roda de Banjo e que trabalha com o grupo há cinco anos, esteve presente nesse domingo, 25. É o idealizador do projeto. A partir dele, músicos do Vale do Paraíba se conectaram a proposta.

Na Roda de Banjo há músicos de Guaratinguetá, de Cachoeira Paulista, de Cruzeiro, Lorena e de outras cidades da região, relata Paulo Ramos.

A Roda de Banjo não é um grupo fechado. É um projeto. É possível ver alguns componentes sempre no grupo que são os mais leais, mas não é um grupo fechado. Então, sempre vai haver gente nova participando, desde que saiba tocar um instrumento e saiba cantar. Porque a gente não usa nada de amplificação de som. É tudo natural, como era o samba antigamente.

Paulo Ramos, idealizador e líder da Roda de Banjo

Um dos pontos fortes do coletivo é a ação social: “a gente toca samba. O samba vem do povo. O samba é a alegria do povo. E nesses momentos a gente precisa usar o nosso poder de influência para ajudar essas pessoas”, comenta Paulo Ramos.

Além do pessoal da agremiação e os músicos da Roda de Banjo, ajudaram: “Thiago, do Boteco Cervejeiro. Altair e Alex, do carro de som que estava divulgando o evento, e o Jeff junto com o Djay, Mãozinha, que estão colocando som aqui.”, relatou Paulo Ramos.

Um dos pontos fortes da Roda de Banjo são as iniciativas sociais, como o Pagode Solidário – IMAGEM: Fábio Seletti

A atuação de Jeff, Festas e Eventos, e do Djay Mãozinha

Djay Mãozinha (@maozinhadj) esteve atuando juntamente com Jeff, Festas e Eventos (@djjeffguaraoficial). Colaborou fazendo o som que antecedeu a apresentação da Roda de Banjo.

Mãozinha sensibilizou-se com o sofrimento das famílias e disponibilizou-se a ajudar gratuitamente. “Quando a gente se põe no lugar do próximo, se solidariza em ajudar. Viemos [referindo-se ao Jeff, que disponibilizou o som] para somar. A união faz a força”, comenta.

Djay Mãozinha e Jeff, que colaboraram disponibilizando som e musicalidade no evento do Pagode Solidário – IMAGEM: Fábio Seletti

Membros da diretoria do Acadêmicos do Campo do Galvão e da bateria da agremiação trabalharam no evento

Membros da diretoria e da bateria que se disponibilizaram a trabalhar no Pagode Solidário. IMAGEM: Fábio Seletti

“A mobilização se deu a partir da escola de samba, comunidade e bateria”, relata Flávia Prado, vice-presidente da agremiação. Nessa situação, a Roda de Banjo procurou a diretoria, perguntando se seria possível emprestar a sede para fazer um evento visando arrecadação de alimentos e outros produtos em prol dos atingidos pelas chuvas.

A situação dos atingidos mobilizou a vice-presidente: “muitas famílias, de muitos bairros, foram atingidas em Guará. Há famílias que perderam tudo. Não têm roupas, não têm alimentos, não têm móveis. Então, cada um doando um pouquinho do seu tempo, o que é pouco é muito para quem perdeu tudo”, explica.

A entrada do evento, que foi 1 Kg de alimento e o lucro do bar foram direcionados para os atingidos com as enchentes.

Membros da bateria que trabalharam no evento deram seus depoimentos

Tem muita gente precisando e passando uma necessidade muito grande e há famílias que ficaram sem alimentos, com casas que encheram de barro. A situação não está sendo muito fácil [referindo-se ao bairro Jardim Tamandaré, em que testemunhou os resultados da enchente in loco].

Caio César, ritmista

Tem muitas famílias que perderam tudo. Crianças que estão desabrigadas: não têm roupa, não têm comida, não tem escola para ir. Então, acho mais do que justo e necessário doar o meu tempo e a minha disponibilidade para estar aqui ajudando essas famílias.

Taíla Silva, ritmista

São espaços em que a comunidade pode contar. Porque nem sempre as autoridades podem ajudar todo mundo, que é o que deveria acontecer. E esse espaço é para todos: para os que mais precisam também possam ter um pouco de arte e encontrar acolhimento.

Tamara Santos, ritmista, referindo-se à importância das agremiações em atuarem socialmente em prol das comunidades

Nas comunidades diretamente atingidas, as agremiações foram cruciais no combate aos estragos causados pelas enchentes.

Confira a atuação da Unidos do Tamandaré:

Tamandaré disponibiliza barracão da escola e faz frente ampla diante das chuvas em Guaratinguetá

Membros da Unidos da Tamandaré colaboraram em peso com a arrecadação e distribuição de alimentos para a comunidade, amplamente atingida pelas chuvas – IMAGEM: Fábio Seletti

De acordo com Valdeir Pereira, da diretoria de Harmonia da Unidos da Tamandaré, a iniciativa de coleta e distribuição em prol dos atingidos partiu da diretoria da agremiação. O uso do barracão para recolhimento dos mantimentos, produtos e roupas se deu a partir da facilidade de acesso para a comunidade: é localizado na entrada do bairro.

Houve três etapas de arrecadação:

  1. Arrecadação e distribuição de produtos de limpeza, em decorrência da necessidade de higienização das casas por causa da enchente;
  2. Higiene pessoal. Nesse caso: pasta de dente, absorventes, papel higiênico e produtos afins;
  3. A última etapa consistiu em alimentos e roupas.

“Os alimentos, produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza foram direcionados para mais de 200 famílias, com média de 5 pessoas por casa, que foram atingidas pela inundação de quarta-feira, 22.”, explica Valdeir Pereira, Deco, da direção de Harmonia, da Tamandaré.

A arrecadação se iniciou na quinta-feira, 23, às 9h30 – na manhã seguinte à inundação.

A distribuição se deu por meio de um cadastro, averiguando a situação de cada família, a fim de que houve controle dos alimentos e produtos distribuídos.

Em se tratando de pessoas que morassem mais próximas ao barracão da agremiação, o local da distribuição, poderiam fazer a retirada pessoalmente. Aquelas que residem em pontos mais distantes foram atendidas por voluntários que se prontificaram a levar os produtos e mantimentos até elas.

Voluntários distribuíram alimentos e produtos em kits, a fim de organizar a distribuição dos itens coletados – IMAGEM: Fábio Seletti

Velha Aguarda da agremiação traz a experiência em momento de resiliência

Maria Alice, segurando a sacola de alimento, juntamente com outras voluntárias organizando os kits – IMAGEM: Fábio Seletti

Maria Alice, que é presidente da Velha Guarda há 15 anos, também faz sua conclamação: “moro no Bairro e assim que deu aquela chuva nós colocamos no nosso grupo [do aplicativo WhatsApp] e convocamos todos que pudessem vir para ajudar. No instante que colocamos [a mensagem no grupo] começamos a receber bastantes doações”, relata.

“Até mesmo nossas coirmãs [outras escolas de samba, de Guaratinguetá] estão nos ajudando demais, mandando mantimentos. Até mesmo o almoço de hoje foi doado pelo pessoal do Acadêmicos. Rivalidade é só na avenida, aqui é só coração”, explica emocionada.

Maria Alice tem sua residência mais próxima a sede da escola de samba, então não foi diretamente atingida, mas relatou que testemunhou as perdas de moradores da comunidade e que “foi devastadora”. Relata que casos de enchente são comuns no bairro, mas percebe que “nunca foi tão forte quanto agora”.

Descreve que amigos e parentes que perderam tudo, “desde as roupas que estavam usando no momento da enchente até os móveis”, desabafa.

Na parte do bairro da Prainha, que é mais aproximada a represa dos Mottas, cujo aumento de vazão teria provocado a enchente, de acordo com o prefeito, o nível da ação das chuvas atingiu as famílias ao ponto de muitas não conseguirem se deslocar para o barracão para pegar as doações.

Muitos ficaram sem água e sem luz. Então, a equipe estava se prontificando a levar de carro os produtos, roupas e mantimentos até os atingidos, relata Maria Alice.

Para que a distribuição dos produtos fosse ampla, voluntários estavam separando a água sanitária em garrafas menores para a higienização das casas dos atingidos – IMAGEM: Fábio Seletti

Ex-moradores do bairro, Jardim Tamandaré, trabalharam na coleta

Ronaldo dos Santos, que é da diretoria de Harmonia da Tamandaré, relata que, embora hoje não seja atualmente morador do bairro, tem muitos amigos e parentes morando na localidade – incluindo seu pai que é proprietário de estabelecimento no bairro e perdeu parte de suas mercadorias com a inundação. Além disso, relata que tem conhecidos com a casa invadida com a água chegando “a mais de dois metros de altura”.

Argumenta que foi um dos que sugeriu que se utilizasse o barracão da Unidos da Tamandaré, porque não havia acesso para dentro do bairro, em decorrência do alagamento. E relata que houve grande aderência por diversos setores da agremiação: “os segmentos da escola apoiaram e com isso criamos o ponto de arrecadação aqui [no barracão].”

Agradece a solidariedade por parte da população guaratinguetaense: “graças a Deus a população é muito solidária e a partir do momento que começou a doar, as doações não param de chegar.”

Também expôs sua gratidão pela colaboração de outras escolas de samba com a arrecadação dos alimentos, produtos e móveis.

A ação solidária permitiu que mais de duzentas famílias atingidas no bairro, Jardim Tamandaré, recebessem alimentos, roupas, produtos de limpeza, de higiene pessoal e móveis – IMAGEM: Fábio Seletti

Assim como na Tamandaré, onde houve impacto das inundações e mobilização por parte dos moradores das comunidades e membros da agremiação, no Alto das Almas e Pedreira, a mobilização foi ampla. Confira:

Embaixada agita as redes sociais, disponibiliza a quadra e convida as pessoas a contribuírem em prol dos atingidos das Chuvas em Guaratinguetá

A arrecadação na Embaixada do Morro foi ampla, visando principalmente os bairros do Engenho D’água e Matias – IMAGEM: Fábio Seletti

Além do Jardim Tamandaré, a Pedreira e vilas conectadas ao bairro foram impactados pelas chuvas de quarta-feira (22).

As águas começaram a subir no bairro e vilas conectadas por volta das 16 horas e perduraram por volta da madrugada, de acordo com Matheus Andrade, ritmista da bateria, Aloka – da Embaixada do Morro. O transbordamento, segundo o componente, veio “do rio que corta o bairro”, explica.

Após 1 hora e meia o início do transbordamento, o bairro do Matias e Engenho D’águas estavam alagados, explica Matheus.

Relata também que a agilidade com que a água subiu levou algumas famílias a abandonarem suas casas imediatamente, deixando seus pertences.

Os moradores desses locais “perderam literalmente tudo”, relatando que “o mínimo que água chegou na residência das pessoas foi de 1 metro e 40”, descreve Matheus.

Para o ritmista o impacto causado pela inundação foi “caótico. Chegamos a ver famílias que perderam literalmente tudo. E é nisso que estamos fazendo para que tenham pelo menos o básico para passar o dia a dia”, explica.

Assim, para colaborar frente à demanda das perdas causadas pelas inundações, Matheus trabalhou na coleta e distribuição dos kits com alimentos e produtos, juntamente com outros componentes dessa bateria e de outras alas da Embaixada do Morro.

A ação social por parte da Embaixada do Morro iniciou-se com a divulgação ampla em redes sociais de membros da agremiação sobre o impacto causado pelas das enchentes nos bairros conectados a Pedreira e Alto das Almas. Após a publicidade, as doações iniciaram-se rapidamente, chegando roupas, produtos de limpeza, mantimentos e móveis, explica Matheus.

As estratégias de ação iniciaram-se na quarta-feira (22) à noite, com a implantação do ponto de arrecadação no dia seguinte de manhã.

A partir disso, voluntários encarregam-se de destinar as doações aos atingidos. “As famílias só estão vindo aqui [no ponto de coleta] para ver roupas, porque não se consegue ver o tamanho da necessidade”, explica Matheus.

Matheus Andrade, ritmista da bateria da Embaixada, trabalhando em prol dos atingidos pela enchente – IMAGEM: Fábio Seletti

A ação social atendeu cerca de 37 famílias impactadas pelas chuvas, com a quadra da agremiação servindo com ponto de concentração de coleta.

Móveis foram arrecadados pela Embaixada do Morro em prol dos atingidos pela inundação – IMAGEM: Fábio Seletti

Na Embaixada, redes sociais foram efetivas na divulgação dos impactos das chuvas em Guaratinguetá

Camila Rodrigues utilizou seu Instagram profissional (@deliciassdaca) para conclamar a população, de Guaratinguetá, a ajudar com os atingidos – IMAGEM: Fábio Seletti

A atuação dos membros da comunidade do Morro foi bem ampla. A contribuição também partiu de Camila Rodrigues, que é responsável pela ala das crianças. Componente da Embaixada do Morro há 35 anos, relata que “em sua vida toda” participa da agremiação.

Relata que os danos com as chuvas foram “impactantes” e que dois amigos seus “que perderam tudo”. Essa situação tão próxima lhe trouxe grande sensibilização: “Eu não posso fingir que não está acontecendo nada”, concluiu.

A partir disso, Camila gravou um vídeo em sua rede social profissional (@deliciassdaca) conclamando as pessoas a se unirem em prol dos atingidos pelas águas de quarta-feira (22).

Partindo desse vídeo, “a Gláucia, que é vice-presidente, me chamou para fazer essa parceria em prol de que se faça uma ação só”, comentando que havia diversos chamamentos e que esse alinhamento favoreceu o fortalecimento de uma ação unificada e direcionada por parte dos membros da agremiação.

Camila relata que a coleta, embora direcionada para os moradores atingidos do Matias e Engenho D’água, também favoreceu atingidos do Jardim Tamandaré: “as portas estão abertas para todos que precisarem”, comenta.

As arrecadações, explica Camila, foram divididas em kits que foram organizados da seguinte maneira:

  • Na cesta básica foram disponibilizados arroz, feijão, macarrão, molho de tomate, açúcar, farinha, bolha de água e sal e óleo;
  • No kit limpeza foram incluídos água sanitária, detergente, limpador multiuso, esponja de aço, sabão em pedra e desinfetante;
  • O kit de higiene pessoal concentrou-se em sabonete, pasta de dente e papel higiênico;
  • O kit infantil contribuiu com leite, bolacha de maisena, bolacha recheada, achocolatado e macarrões instantâneos.

Além desses kits e da distribuição de roupas, a Embaixada do Morro contribuiu com a coleta e distribuição de móveis usados – enviados pouco tempo depois que chegavam a sede da agremiação. Camila relata que as 37 famílias atingidas tiveram perdas de mobiliários, além disso uma em particular teve a perda da própria moradia.

A arrecadação da escola de samba, Embaixada do Morro, perdura até a data da publicação desta matéria e é possível cadastrar-se para receber auxílio da agremiação, caso seja parte dos atingidos pelas chuvas, por meio do WhatsApp (12) 98141-7270.

Alimentos, roupas, móveis, produtos de limpeza e de higiene pessoal foram direcionados para 37 famílias atingidas pelas enchentes do dia 22 – IMAGEM: Fábio Seletti

A união faz a força

De forma geral, nas escolas as arrecadações perduraram até domingo, 25, havendo integração entre as agremiações em prol das vítimas das inundações. Criou-se uma rede solidária informal que possibilitou o atendimento de cerca de 250 famílias atingidas.

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