Para vocês que gostam de histórias de assombração, hoje vou falar sobre uma de arrepiar, mais uma vez contada por minha avó. Dessa vez ela não presenciou o ocorrido, mas o seu amigo de infância vivenciou na pele essa história.
Foi em 1950, exatamente. Em Mariana havia um padre muito querido chamado Cônego Juca. Todos diziam que ele era um homem muito bom e caridoso que ajudava aos mais necessitados, tanto que as pessoas pediam a ele para abençoá-las e o respeitavam muito.
Em uma madrugada de outubro, exatamente no dia das bruxas, o padre Juca estava perto da Praça da Sé indo para a Igreja da Sé rezar a primeira missa do dia.
E a molecada decidiu aprontar no dia das bruxas
Um grupo de adolescentes bem arteiros, incluindo o amigo de infância da minha avó que estava no meio, resolveu aprontar com o padre.
Pegaram uma abóbora, fizeram um rosto de caveira nela, colocaram duas velas, uma em cada olho desenhado na moranga e a fincaram em um pedaço de pau colocado no chão, acreditando que iriam assustar o padre e desmoralizá-lo.
O grupo de amigos se escondeu atrás de uma parede e esperou, ansioso, pela passagem do padre. Quando Cônego Juca chegou, eles começaram a rir baixinho e a fazer barulhos assustadores para intensificar a situação.
O padre olhou a abóbora e sorriu. Pegou sua bengala, bateu três vezes em sua cabeça desenhada de caveira e continuou o seu caminho até a igreja. Assim que saiu, o grupo, revoltado por não atingir o seu objetivo, voltou para olhar a abóbora.
Imediatamente o rosto desenhado se virou para o grupo em forma de caveira e começou a rir de forma maligna e a falar: quem ao mal servir, ao mal será servido.
Desesperados, correram atrás do Cônego pedindo perdão por tentarem fazer mal a ele. O padre os absolveu perdoando e abençoando dizendo: o mal do século é intolerância.
Toda brincadeira tendenciosa será voltada imediatamente para que a fez. Mas o perdão é a conseqüência do amor e vocês estão perdoados e preparados para seguir em frente.
No dia seguinte, o amigo da minha avó contou a ela a história e disse ter se tornado uma pessoa melhor e menos arteira, respeitando a todos. Fica então o ensinamento independente de ter sido a imaginação deles ou a realidade o aparecimento da caveira na abóbora. Afinal de contas, a lição do cônego Juca não poderia ser mais atual!