ilustração: Patty Rangel
A história da Maria Sabão quem me conta é uma prima querida, que morou muitos anos em Mariana. Apaixonada pela cidade, ela estudou os mitos e lendas do município a fundo.
Segundo esta prima, a história vem desde o século XVIII.
Ela começou a explicação pelo básico: a escravidão fez parte da colonização das Minas Gerais e dos anos do auge da mineração do ouro em cidades como Mariana. O sistema perdurou por quase dois séculos, terminando apenas em 1888, com a abolição da escravatura.
A riqueza presente em Mariana, nesse período fez com que a escravatura estivesse presente em quase todos os lares marianenses.
Além das famílias abastadas, havia os garimpos de ouro e uma grande quantidade de escravos que trabalhavam na mineração.
O distrito de Passagem, por exemplo, chegou a contar com uma população de escravos mineiros estimada em 35 mil. Para um lugar tão pequeno, era um número bem significativo.
E foi nessa época que viveu Maria Sabão. Segundo os registros, a escrava morou no distrito de Passagem. O lugar é famoso por suas minas de ouro. É lá que está localizado a Mina de Passagem, bastante conhecida e muito visitada por turistas.
Em Passagem, fica também a Mina do Boqueirão, lugar onde se conta que viveu Maria Sabão. A entrada para essa mina fica numa rua tão pequena que mais parece um beco. Quem se arrisca a passar por lá, atesta que a assombração aparece, enraivecida pelas pessoas invadirem seus domínios.
Mas quem foi Maria Sabão?
Eram meados do século XVII. Mariana e, principalmente, o distrito de Passagem vivenciavam o período mais fremente da corrida do ouro. Na Mina do Boqueirão vivia Maria, uma escrava tímida, extremamente forte e com grandes olhos arregalados.
Entre os hábitos da época em que viveu a escrava, estava o de fazer sabão em casa. Conhecido como sabão-de-bola, o produto tinha uma receita peculiar. O sabão era feito com cinza tirada dos fogões a lenha e sebo.
A cinza virava “decoada”, misturada com sebo e colocada em grandes panelões que ficavam semanas fervilhando sobre um fogareiro. Com a fervura, à medida que a mistura engrossava, era preciso formar os sabões, o que era feito à mão, em forma de grandes bolas.
Fazer sabão não era uma tarefa fácil e era dada aos escravos que tinham força suficiente para manobrar as grandes pás de madeira. Por ser uma negra de grande porte, com braços fortes, possivelmente a escrava Maria tinha sido incumbida da produção do sabão da Casa Grande. E foi também por esse motivo, que ganhou o nome de Maria Sabão.
E porque Maria virou assombração?
Solitária e tímida, a escrava vivia sozinha na mina abandonada. E o distrito de Passagem era um lugar vivia um período de muita movimentação por causa do garimpo, com a abertura de muitos bares e bordeis. Temendo que as crianças fossem parar nesses estabelecimentos, mães e pais usavam Maria Sabão para amedrontar as crianças.
Para isso, diziam que a pobre escrava fazia sabão das crianças que passassem pela gruta. E a lenda se perpetuou. Até hoje, crianças que vivem na região, obedecem aos pais, com medo de virar sabão-de-bola.
E não são só crianças. O lugar é tão assustador que muito adulto evita de passar no lugar certa hora da noite. E alguns até atestam que já viram a escrava por lá, mexendo sabão em um caldeirão gigante ou agitando a grande pá de madeira no ar.
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