Fotógrafo: Zedu Monte
Todos os anos, temos a celebração do Congado em Ouro Preto. Em 2018, as celebrações acontecem durante toda a segunda semana de janeiro e finalizam no domingo (14). As atrações começam às 5h da manhã e vão até 16h.
Haverá missa, cortejo, reunião das Guardas e outras atividades durante o encerramento. Foram convidados congadeiros de outras cidades mineiras e o evento promete ser muito rico e diversificado.
Conversamos com Kedison Guimarães, capitão da guarda de Moçambique e membro da Associação de Amigos do Reinado. Desde 2008, ele se junta à Prefeitura de Ouro Preto e a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais para manter as comemorações a todo vapor.
“A festa celebra a resistência e a fé do povo negro. É importante dar continuidade a Chico Rei para mantermos viva a memória do nosso povo que, em Minas, perdeu vários documentos históricos, mas continua lutando”, explica Kedison.
O Congado
A festa popular tem origem no nordeste brasileiro, durante o período colonial. Época de quando os escravos celebravam assuntos católicos que, aos poucos, foram sendo mesclados com tradições africanas.
Nessa época, o sincretismo já acontecia nos países africanos onde a religião católica era imposta. Mas é no Brasil que as diferentes danças (congado, candomblé, marujada, Moçambique e caboclo) foram desenvolvidas.
Por isso mesmo, é muito comum a existência de congadas com temas exclusivamente católicos. Alguns deles são vida de São Benedito, a imagem de Nossa Senhora do Rosário nas águas ou a luta de Carlos Magno contra os Mouros.
Ao lado dos santos são celebrados a coroação do Rei do Congo e da Rainha Ginga de Angola. Tudo isso com cantos de recordação.
A partir do século XVIII, o congado se difunde pelo Brasil e floresce principalmente na capital de Minas, Vila Rica, a atual cidade Ouro Preto.
E, aqui em Ouro Preto, o ponto forte das celebrações ocorria na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. E também nas caminhadas até a Mina do Chico Rei.
Chico Rei foi um negro trazido para a colônia onde conseguiu comprar a sua alforria e a de muitos outros negros, tornando-se símbolo de resistência.
A celebração do Congado em Ouro Preto
Fotógrafo: Zedu Monte
Há um ditado popular que diz que são as pessoas que fazem o lugar. No caso de Ouro Preto, são as guardas de congado fazem isso com suas músicas e figurinos pelas ruas nos lembrando da história que resiste ao tempo e contagia com sua força.
A história do povo negro na antiga capital Vila Rica é a história do ouro, da escravidão e da colônia. Mas entre isso está também os costumes e as tradições deixados por esse povo.
É patrimônio que reconta sua história em eventos como o Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, que acontece até o dia 14 deste mês em Ouro Preto.
Venha festejar!
Venha conhecer a história de Ouro Preto e dos grupos que fazem dessa cidade um lugar de cultura e diversidade. As cores e a música das guardas irão te conquistar com o que tem para contar se você as ouvir. Como disse Ary Barroso na canção Aquarela do Brasil:
“Ô, abre a cortina do passado;
Tira a mãe preta do cerrado;
Bota o rei congo no congado.
Brasil!… Brasil!…” E não deixe de compartilhar nas redes sociais!