O Caboclo D’água aterroriza as águas do Ribeirão do Carmo
Toda cidade histórica tem suas histórias de assombração. Mas dificilmente elas duram até os dias de hoje com intensidade suficiente para chamar atenção de todo país. Mas aqui em Mariana, temos um caso famoso desses: o Caboclo D’água.
Eu, que cresci ouvindo histórias do meu pai, nunca ouvi uma história de assombração que desse tanto o que falar. E nem que despertasse o interesse da comunidade de forma tão clara.
Meu pai me contava histórias que ouviu quando ele era criança. Da época quando serviu no Exército e de quando foi pescador. E de todas que ouvi, nenhuma é tão influente e com tantos casos relatados de aparição como o Caboclo D’água.
Dizem que essa assombração vive no Ribeirão do Carmo. É um riacho que nasce em Ouro Preto, atravessa os municípios de Diogo de Vasconcelos e Barra Longa, e deságua no Rio Doce.
Às vezes, o Caboclo D’água costuma passear pelos riachos que desaguam no Ribeirão do Carmo. E são nesses pequenos riachos que existem mais relatos de aparições dele.
A aparência e relatos sobre o Caboclo D’água
Presença de pelos, braços fortes, aparência escamosa e até penas são características relatadas pelas testemunhas. Alguns dizem que ele tem o tamanho de um homem adulto. Outros que se parece com uma capivara. Alguns ainda dizem que tem apenas um olho no meio da testa. Por fim, muitos afirmam que têm membranas nas mãos e pés como os de pato.
Independente da aparência uma coisa é sempre comum: o gosto por sangue fresco.
O Caboclo D’água tem atacado rebanhos. Ele come todo o animal por dentro e deixa só a carcaça! Às vezes ele pega o bezerro pelo braço e o arrasta para dentro ou para a margem oposta do rio.
E não é só de bicho que o Caboclo D’água gosta…
Existem muitos relatos de pessoas atacadas pelo Caboclo D’água!
E os relatos de ataques às pessoas vêm crescendo nos últimos anos.
Mais de uma pessoa já foi ferida na perna na beirado do rio ou de um córrego. Segundo relatos das pessoas próximas ou das vítimas, um vulto atacava repentinamente e logo desaparecia completamente na água. Nenhum animal tem esse hábito por aqui, só o Caboclo D´água.
Um pedreiro aqui da região afirma que, durante seu serviço, foi atingido com uma porretada na cabeça pelo Caboclo D’água. Por sorte ele não desmaiou e não foi levado pelo Caboclo D’água.
O bicho percebeu que não havia desmaiado o homem e fugiu tão sorrateiramente quanto tinha aparecido.
Mas nem sempre a história é tranquila assim….
Há algum tempo, um grupo de jovens estava nadando no Ribeirão do Carmo, curtindo o dia de sol. De repente, um rapaz mergulhou e não foi mais visto. Seu corpo foi encontrado muito depois e os testículos haviam desaparecido!
Testículo de boi inclusive é a principal isca não humana usada na caça do Caboclo D’água!
Não estou brincando sobre a caça do Caboclo D’água. Por aqui, isso é algo sério, muito sério.
A caça de assombrações na cidade de Mariana é levada tão a sério que existe a ACAM, Associação de Caçadores de Assombração de Mariana. Essa associação dispende considerável tempo e recursos na busca de informações e investigações dos possíveis casos e aparições dessas entidades.
A ACAM regularmente oferece prêmios em dinheiro por alguma foto do Caboclo D’água e até para quem tiver coragem de servir de isca.
O Caboclo D’água é uma assombração bastante atarefada. Com relatos de sua aparição por toda a extensão do Rio Ribeirão do Carmo, os casos mais comuns se encontram dos distritos entre Mariana e Barra Longa.
Não preciso dizer que a história do Caboclo D’água é antiga. O quão antiga eu não sei dizer, mas meu avô já me contou um causo sobre o bicho da época que era tropeiro aqui na região, pouco mais de 50 anos atrás.
Meu avô, seu Zé Lucas, conta que quando ele vinha para Ouro Preto conduzindo a tropa tinha receio de atravessar certos riachos quando passava por Diogo de Vasconcelos.
Segundo ele, os tropeiros falavam muito de ataques às mulas durante a travessias de córregos. Um barulho parecendo um trovão ecoava, a água espirrava e a mula desaparecia.
E a população?
Você deve estar se perguntando se isso tudo não passa de coisa da cabeça das pessoas. Mas por essas bandas, isso vai muito além.
Muitas mães não deixam seus filhos brincarem próximo aos córregos. Não por medo de afogamento ou acidente, já que muitas das crianças sabem nadar, mas por medo do Caboclo D’água.
Muitos senhores têm receio de deixar seus animais próximo aos riachos com medo de serem comidos.
Por conta disso, expedições e armadilhas são montadas regularmente para tentar a captura do Caboclo D’água. Até mesmo com o uso de iscas humanas.
Nessas ações de caça, jaulas de aço são construídas para aprisionar o bicho, e redes resistentes, especialmente elaboradas para tentar captura-lo, são confeccionadas. E, até mesmo, um fusca híbrido – que se locomove na terra e na água – está sendo projetado para conseguir perseguir a assombração dentro da água!
Esforços e criatividade nunca são poupados na captura do Caboclo.
O caboclo d’água se tornou uma personalidade aqui da região, despertando mais curiosidade do que pavor nas pessoas, mas muitas outras histórias de assombração espreitam aqui por esses morros e serras.
Tem a história do Capitão Jack, a Mãe do Ouro e também tem as histórias da Noiva de Furquim e da Maria Sabão que já contamos aqui na Outros Relatos além de muitas outras.
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