Greve segue firme em boa parte do país. E promete jogar um balde de água fria em quem espera viajar para um banho de mar no litoral ou em quem pretende fugir para o interior de São Paulo ou de Minas.
Isso ocorre, porque, mesmo com as negociações por parte do governo, o impasse segue. No dia 24 os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, Eduardo Guardia, da Fazenda, e Carlos Marun, da Secretaria de Governo, discutiram com entidades representantes do movimento grevista.
Mas, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), saiu da reunião sem fechar acordo. Em nota, a entidade afirmou que “tem representação legitimada pela categoria de transportadores autônomos do país, com cerca de 600 mil caminhoneiros filiados em todo o território nacional”.
Além disso, afirmou que “continua sem assinar qualquer acordo com o Governo e mantém o pedido de retirada do PIS/Cofins sobre o óleo diesel”, reiterou a entidade.
Com o impasse, o movimento grevista mantém seu posicionamento de não continuar com o abastecimento de vários produtos essenciais, como alimentos, produtos de higiene e combustíveis.
Impacto no turismo
Com a restrição no abastecimento de itens básicos, o turismo sofre com o impacto da greve.
Além da restrição da disponibilidade de ônibus para transporte terrestre, a aviação também sofre com a falta de combustível.
Impacto na aviação
Até às 22h de 25 de maio, a Infraero aponta em seu site que 16% do total dos voos estão atrasados e 6,2% foram cancelados. Em nota, a operadora aeroportuária afirmou que alertou “aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos”.
Impacto na alimentação e em itens de necessidade básica
De acordo com Bráulio de Paula Santos, mestre em Economia Aplicada, o movimento “é válido”, mas ele aponta que “o pós recuperação tende a piorar a distribuição”.
A recuperação não é imediata
De acordo com Santos, “mesmo depois que cessar essa greve, algumas áreas vão demorar a receber itens de necessidade básica, alimentícios e combustíveis, como já estamos vendo”, explica.
O impacto no turismo de cidades históricas
No interior de São Paulo e em Minas, onde a festividade de Corpus Christi é acolhida fortemente por fiéis e turistas, o movimento grevista pode deixar muito turista paralisado no sofá.
Em Minas Gerais
Para Marcos Cardoso Júnior, secretário de Cultura, Meio Ambiente e Turismo de Jequeri, “é notório que há uma grande preocupação em relação ao mesmo (turismo), pois uma das ferramentas primarias para o Turismo é o transporte, seja ele privado ou público. Sendo assim a interrupção de vias e a escassez de combustível torna praticamente impossível a prática do Turismo ”, considera.
E também aponta que “as festividades e celebração de Corpus Christi são uma grande tradição mineira e tem uma importância cultural enorme. Porém, pela interrupção de vias estaduais ou mesmo pela preocupação financeira com a subida dos preços de commodites, a grande maioria da população que planejava viajar, ficará em casa, infelizmente”, antecipa.
Na região dos Inconfidentes, no dia 23 a Prefeitura de Ouro Preto expediu nota afirmando que “todos os postos de gasolina da cidade encontram-se sem combustível (álcool e gasolina) ”.
E em Mariana, em nota, a Prefeitura reforçou que a prioridade se foca na manutenção de serviços essenciais na Saúde, como hemodiálise, quimioterapia e radioterapia.
Geografia interfere
Segundo o economista Bráulio de Paula Santos, é necessário que se atente a situação de cada cidade, considerando a geografia do local. “As cidades de Ouro Preto e Mariana não dispõem de áreas próximas de produção agrícola, o que deve causar uma certa deficiência no abastecimento desses produtos nos próximos dias, com mais agravamento nessas regiões”, explica.
Mas acredita, por exemplo, que na região de São João Del Rei, “por ser uma área de escoamento, devido a proximidade à BR-040, pode ser que a recuperação seja mais rápida”, considera.
Guia de turismo sente dificuldade para atender turistas
Sueli Rutkowski, guia turística da cidade de Ouro Preto, relatou dificuldades para atender turistas que chegavam de Belo Horizonte.
Teve dificuldades de deslocamento na cidade, “pela fila de carros no posto de gasolina”. Segundo a guia, uma das vias de seu trajeto “ficou paralisada”, relata.
E houve imprevisto também no trajeto dos turistas de Belo Horizonte para Ouro preto. Para a profissional de turismo, houve “transtorno” para os seus clientes. Houve problema de “pontualidade”, já que houve “imprevistos no abastecimento”.
Com isso, conseguiram chegar com duas horas de atraso. E isso os deixou “bastante tristes” porque teriam que ir embora no dia seguinte, tendo o seu tempo de lazer reduzido.
Em São Paulo
No interior de São Paulo, a situação não é diferente. Em Pindamonhangaba, localizada no Vale Histórico, a Prefeitura comunicou em nota que a Saúde está “economizando combustível para atender o transporte de pacientes que fazem tratamento de oncologia, hemodiálise, além das ambulâncias, Samu e outras ações emergenciais.”
Além disso, no município, “o transporte público continua circulando com frota reduzida” nos dias 25 e 26, sexta e sábado. No domingo, 27, “o transporte público não vai funcionar, para economizar combustível”.
O posicionamento de grevistas no interior São Paulo
Os grevistas que estão posicionados no KM 154 da Dutra, sentido São Paulo – Rio, têm um posicionamento “autônomo” em relação a greve.
De acordo com um manifestante, que solicitou que não fosse identificado, o movimento “não tem entidade, nem representante”, explica.
Segundo o grevista as duas principais pautas são a “redução do diesel e da gasolina” mais a compensação do pedágio “com eixo levantado”.
Segundo o caminhoneiro, a prática de cobrança com eixo levantado “deveria acabar”, pois, como o caminhão está vazio, “não causaria prejuízos à pista”.
E afirmou que “não basta sair na imprensa, a lei tem que sair no edital”. Com relação a isso, reclamou da cobertura da “grande imprensa”, que, segundo o caminhoneiro, estaria “distorcendo os fatos”.
Além disso, nesse trecho, não houve interdição. Os caminhoneiros apenas cruzaram os braços em relação ao abastecimento.
Posicionamento do Ministério do Turismo
Com a atual situação da greve, a Outros Relatos entrou em contato com o Ministério do Turismo questionando sobre o impacto da greve no feriado de Corpus Christi. Em nota respondeu:“Ainda não é possível calcular o impacto da greve para o turismo. O MTur espera que a situação seja resolvida o quanto antes, de modo a não prejudicar a movimentação turística da Festa de Corpus Christi, quando 2,4 milhões de viagens devem movimentar R$ 5 bi na economia nacional. ”