Fotógrafo: Marcelo Cândido
Se você passa pela Praça Tiradentes, em Ouro Preto, e acaba contratando um guia turístico, é muito provável que ele te leve à Mina Chico Rei, no bairro Antônio Dias.
Ela está localizada próximo à Igreja da Matriz de nossa Senhora da Conceição e para chegar até lá é bem fácil. Não há porque deixar de visitar esse lugar que é, por um lado, museu e, por outro, aventura.
Digo isso porque para adentrar na mina você vai ter que se abaixar um pouco e ficar atento para não encostar demais nas paredes um pouco úmidas.
Mas isso não quer dizer que essa visita vai complicar seu roteiro turístico. Ou que vai lhe dar dor nas costas ou sujar a sua roupa.
Na verdade, essa é uma das mais interessantes oportunidades para quem quer conhecer a história da cidade e sua vida subterrânea, que no século XVIII foi quase tão movimentada quanto na superfície.
Aliás, a própria família do Sr. Toninho, proprietário do espaço que gerencia as visitas à mina atualmente, não fazia ideia que ela existia e não tinha ideia de sua história até 1949, quando foi redescoberta por acaso.
Mina Chico Rei, a história subterrânea de Ouro Preto
Fotógrafo: Marcelo Cândido
Pois é… ao que tudo indica, se não fosse o irmão do Sr. Toninho ter deixado a bola com a qual estava brincando cair “naquele buraco”, a mina não seria redescoberta.
Pois se não fosse esse feliz imprevisto, Dona Mariazinha, a mãe deles, nunca teria entrado lá para tirá-la, acabando por encontrar esse labirinto subterrâneo da história colonial.
Como a Mina Chico Rei tinha sido desativada no final do século XIX, a entrada foi escondida pela natureza, depois de tantos anos servindo como passagem para escravos.
Mas o lugar precisava ser revivido e Toninho disse que as visitações começaram no dia seguinte à descoberta.
Isso porque seu antigo dono fora o famoso Chico Rei. Esse homem é uma figura lendária que teria sido retirado do Congo no século XVIII e vindo para Ouro Preto. Aqui, foi trabalhar na mina da “Encardideira”, como era chamada antigamente.
Muito astuto, Chico Rei juntou ouro escondendo-o entre seus cabelos e comprou sua alforria. Logo ele também compraria a mina de seu antigo dono, Major Augusto. O ouro que antes não era extraído na gerência do major apareceu. Com ele, Chico Rei alforriou outros negros e tornou-se uma figura de resistência e fé para os negros que até hoje lhe dão o título de Rei do Congo nos cortejos.
O passeio dentro da Mina Chico Rei
Fotógrafo: Marcelo Cândido
A entrada guiada na Mina custa cerca de R$25,00 e dura em torno de 30 a 40 minutos. Há muito a ser contado e experimentado. O ar da mina é particularmente fresco o que torna muito agradável passear ali dentro. Dá para sentir o quanto os canais passam ao subterrâneo da cidade, deixando à mostra as diferentes argilas escondidas nas profundezas.
São mais de 300 metros de caminho, mas apenas 80 são liberados para o roteiro de visitação. Ali, os guias apresentam os detalhes da mina. E muitas dessas características foram desenvolvidas por Chico Rei, para melhorar o seu trabalho e de outros escravos.
Antes da criação das passagens de ar e das adaptações para ser possível carregar o minério extraído, a “Encardideira” era conhecida por matar os escravos em 10 a 15 anos.
Na casa há um restaurante, o Boca da Mina. Ele abre aos fins de semana. E também há cômodos com artigos históricos e trabalhos de artistas ouropretanos.
Esses ambientes criam uma atmosfera de imersão em uma história pouco conhecida, que guarda vários mistérios e realidades da região dos Inconfidentes.
Confira o endereço:
Rua Dom Silvério, 108 (antigo Palácio Velho) / 35400-000
Antônio Dias, Ouro Preto (MG)
(31) 9 9615-5297 / (31) 3552-2866
E curta mais belas algumas fotos bônus, de Marcelo Cândido:
A mina guarda muitas supresas em seu interior:
A marca da religiosidade negra é explícita nos costumes católicos, dentro da mina:
E aproveite para compartilhar este post. Seus amigos e familiares e todos aqueles que você ama merecem conhecer esta maravilha!