Sabemos que o domingo de Páscoa celebra a ressurreição de Cristo – a primeira aparição pública do Salvador após sua crucificação e morte.
E, hoje, celebramos a Páscoa com um significado além: com a nossa família, com um sentimento de renascimento em Cristo: com fé e esperança em um caminho melhor em nossas vidas após o período da quaresma.
É o que aprendemos na tradição religiosa.
E em um momento tão leve e de celebração como este, não cabem contos de assombração. Ou cabem?
Parece que nas terras da primeira capital de Minas tudo pode acontecer…
![Tapete de páscoa marianense](https://outrosrelatos.com.br/wp-content/uploads/2023/11/contos-de-assombracao-tapete-procissao-mariana.jpg)
Sempre cresci ouvindo histórias (ou estórias? Nunca saberei) da minha família, que são arrepiantes e que nunca vou esquecer.
Esta que estou contando foi uma das que me marcou por causa da mensagem que ela tráz e a que mais me fez demorar a dormir na infância.
É um causo que ocorreu com meu avô, Antônio.
Tudo o ocorreu na manhã de Páscoa.
É tradição em Mariana, na manhã do domingo de Páscoa, a confecção dos tapetes de rua para a procissão.
Os tapetes são confeccionados na Rua Direita e na Rua Josafá Macedo, para embelezar a cidade com mensagens de amor, lembrando a ressurreição de Jesus.
E, por volta de 30 anos atrás, o meu avô tinha saído no sábado de aleluia com alguns amigos, mesmo ignorando o pedido da minha avó.
Ela tinha pedido que não saísse na madrugada de sábado para domingo, pois a Semana era sagrada e ainda não tinha acabado.
Mas meu avô não ouviu e decidiu sair para se divertir na virada para o domingo de Páscoa
![Tapete de páscoa assombrado](https://outrosrelatos.com.br/wp-content/uploads/2023/11/contos-de-assombracao-tapete-sagrado.jpg)
Ao voltar para casa, já era por volta das quatro da manhã e meu avô precisou passar pela Rua Direita, que era o caminho mais próximo.
De repente, no meio da rua, ele viu um senhor todo de branco o olhando fixamente. Meu avô conta que sentiu um arrepio muito estranho e, no mesmo segundo, a sua intuição disse que tinha algo errado ali. Então, o senhor, sem se mover, advertiu:
– Você não deveria estar aqui agora. Não deveria andar no meio dessa rua.
Meu avô então respondeu:
-Estou indo para a minha casa e só posso passar por aqui.
E o senhor disse:
– Você deveria ter ouvido o conselho da sua esposa. Essa rua e a semana são sagradas.
E então, o senhor, como em um passe de mágica, desapareceu na frente do meu avô, fazendo com que ele corresse desesperadamente da Rua Direita até a sua casa, que ainda estava longe.
Ao contar essa história para a minha avó, sua esposa, a mesma disse:
– Com certeza, foi algum espírito te punindo por ter saído na Semana Santa e dizendo que a Rua Direita é sagrada por causa da confecção dos tapetes, que traz mensagens de amor e de fé ao próximo.
Depois deste episódio sinistro, o meu avô Antônio nunca mais saiu de casa em hora avançada durante essa época sagrada.
Fica a dica então para quem pensa em passar pela Rua Direita nas madrugadas santas que se lembre sempre desse conto de assombração.
E cabe a seguinte pergunta: como o senhor, de branco, sabia o que a minha avó tinha dito ao meu avô antes dele sair de casa? Mistérios.